REFLEXÕES
SOBRE O PPP - Projeto Político
Pedagógico
Ana
Carolina Novaes
“A finalidade de um PPP é
impregnar a escola com uma reflexão sobre a prática pedagógica vigente e
construir um ambiente de práxis (prática reflexiva) constante e crescente”.
(Elimar Silva Melo, Marcelo Freitas)
Baseado na frase acima, redija um texto dissertativo/argumentativo
respondendo a seguinte questão: De que forma devemos conduzir nosso trabalho
para que as concepções presentes no PPP sejam colocadas em prática, e não
permaneçam apenas no papel?
Em
uma das minhas muitas reflexões me peguei pensando mais uma vez sobre o PPP tentando entender de que forma devemos
conduzir nosso trabalho para que as concepções presentes nele sejam colocadas
em prática e não permaneçam apenas no papel, como vemos na maior parte dos
documentos educacionais brasileiros.
Isso
é algo que me inquieta muito,pois ando cansada de discursos vazios ou utópicos,
de pessoas que falam muito e fazem pouco e com tudo isso continuamos a ter uma
educação ineficaz que não consegue garantir o mínimo direito de aprender que
nossos alunos têm.
É
muito interessante o discurso e a postura que se tem em relação ao Projeto
Político Pedagógico desde a lei nº 9.394/96 que afirma em seu artigo 12 que “
os estabelecimentos de ensino , respeitando as normas comuns e as dos seus
sistemas de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”.
A
partir de então, surgiu um grande número de discussões sobre a temática,
revelando principalmente a importância de cada escola ter a sua proposta
pedagógica, proposta essa que também deveria ter um caráter político, onde suas
concepções sobre mundo, sociedade, educação, escola, homem fossem reveladas, tudo isso a fim de garantir
a identidade de cada estabelecimento de ensino.
Realmente
entende-se como Veiga ( 2001, p.110) que
o PPP É um instrumento de trabalho que mostra
o que vai ser feito, quando, de que maneira, por quem para chegar a que
resultados. Além disso, explicita uma filosofia e harmoniza as diretrizes da
educação nacional com a realidade da escola, traduzindo sua autonomia e
definindo seu compromisso com a clientela. É a valorização da identidade da
escola e um chamamento à responsabilidade dos agentes com as racionalidades
interna e externa.
No
entanto, o que se pode verificar é que esse tem sido um discurso vazio, pois o
PPP realmente tem belíssimas concepções no papel, mas são teorias que não são
vivenciadas, que não podemos reconhecê-las na prática, principalmente na
prática pedagógica, que continua repleta de ranços, focada apenas no ensino,
com um currículo que aprisiona , e não permite o exercício da autonomia, da
liberdade, do protagonismo, do diálogo , que são práticas que favorecem uma
educação efetiva e de qualidade.É um discurso vazio, pois cai no erro de ser
apenas teoria, e não prática; de ser apenas um documento, mas não um elemento
que norteie as ações.
Muitas vezes essas práticas e concepções são defendidas
no documento escrito chamado PPP, mas não na prática dele, pois elas estão
ocultas, ou melhor, elas são inexistentes, e nossas instituições de ensino
continuam com uma prática reprodutivista, que não oportuniza a crítica e a
liberdade, sem foco, o que gera inúmeros outros problemas, como os que temos
vivenciado de forma ampla e geral na educação brasileira que apresenta índices
alarmantes quanto ao nível educacional dos nossos estudantes. Talvez por essa
razão, seja tão difícil verdadeiramente dizer que uma escola tem um PPP, porque
ele é um documento vivo, sempre inacabado, e que alimenta a melhoria e a
objetividade da prática pedagógica. Talvez um dos grandes problemas
educacionais que tenhamos seja justamente esse: temos muita teoria e pouca
prática. Somos ótimos em teorizar, em ter concepções, mas não conseguimos fazer
a transposição desse discurso para a prática.
Diante desse impasse, cabe-nos não apenas indicar os erros
ou problemas inerentes à vivência das concepções contidas PPP na prática
pedagógica, mas propor ações que viabilizem a solução para o problema apresentado
que é tornar o PPP uma realidade, um documento vivo onde as concepções nele
contidas sejam vivenciadas. Seguindo uma linha freireana, diríamos que a
solução mais viável é a prática do diálogo. Seria a reflexão não sobre a ação
em si, apenas, mas uma constante reflexão sobre a concepção defendida, tentando
relacioná-la com a prática e verificando as divergências entre uma e outra. É
uma reflexão do seu cotidiano. (VEIGA, 2001)
A partir daí, é ter ousadia para se necessário mudar as
concepções explicitadas no PPP escrito, para que ele seja um retrato fiel da
realidade, revelando a real intenção, a real concepção que se tem sobre o
processo ensino aprendizagem, as relações dentro do ambiente escolar, o
indivíduo que se deseja formar, o modelo de educação que se acredita. É
necessário através do diálogo, ou a partir dele, refletir sobre ação, e essa
reflexão deverá alimentar a ação, de forma constante e contínua, tendo consciência
que semelhante ao mundo, a sociedade, as pessoas estão constantemente mudando, e por essa razão não podemos ficar arraigados
nem inertes em nossas velhas concepções de mundo, de escola , de educação, do
fazer pedagógico. Não podemos continuar alimentando a nossa prática com
concepções e paradigmas criados para uma sociedade e indivíduos do passado, mas
através da prática do diálogo, da prática da democracia e da descentralização ,
da instalação de um processo coletivo de
avaliação de cunho emancipatório, conseguiremos sim mudar o quadro da nossa
educação. Conseguiremos , a partir dessa consciência, ter um PPP que realmente
seja ao mesmo tempo um espelho que revela as nossas concepções e ao mesmo tempo
uma bússola, que norteia as nossas práticas, em busca sempre do sucesso do
nosso aluno, garantindo a ele o direito de aprender.
REFERÊNCIAS
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político Pedagógico: Uma
construção
possível. Cortez, 2001.
Capim Grosso, 22/01/2014